senhora ronhonhocas
quinta-feira, março 31, 2005
 
Nada de novo.
Não há melhoras, mas também não há pioras. Há que ser optimista e esperar pelo efeito do antibiótico.
Continua a não querer comer, mas lambe-se toda quando lhe apresento a dose dos comprimidos bem enfiados num bocado de folar que sobrou da Páscoa... é cá uma gulosa, a minha Nikita!

A minha Nikitinha... chama-lhe o Guga.
 
quarta-feira, março 30, 2005
 
A piorar...
Ontem até nem tinha vontade de afixar aquele post... afinal, o teu passeio pela praia tinha sido na 6ª de manhã, e desde então não me parecias a mesma. Mas talvez por ter uma esperança que fosse só minha impressão, teimei e afixei as duas fotos.
Mas a verdade é que pioraste outra vez.
O teu apetite e sede têm vindo a diminuir gradualmente, e ontem, por ter ficado em casa, pude constatar que estás mesmo a piorar. Á tarde começaste a tremer e eu falei logo para o veterinário.
O teu dono confirmou também que, no passeio da manhã, tropeçaste por duas vezes nas tuas próprias patas.
Pareces pele e osso, e já nem os biscoitos comes.
Os teus olhos parecem assustados e eu nem sei que fazer.
Começaste ontem à noite a tomar um novo antibiótico (Vibramicina) bem como novamente o Bacti-Subtil. A cortisona mantém-se no meio comprimido de 12 em 12 horas.
Ó linda... será que foi da excitação do fim de semana?? Ou será pior...
Por um lado quero-te ver melhor rapidamente, por outro já nem sei o que quero.
Custa tanto ver esses teus olhos a olharem para nós como que a suplicar... mas o quê? O que queres Nikita? Descanso? É isso que nos pedes???
O Guga não te chama Nikita. Para ele tu és a: “Minha Nikitinha”.
Agora temos muito mais cuidado ao falar sobre ti, ao pé dele.
Espero que ele não se aperceba que estás outra vez a piorar.
Que faço eu, como tua dona e amiga?
Que faço eu, como mãe do Guga?
Não sei... só me resta esperar...
a dona
 
terça-feira, março 29, 2005
 
Este fim de semana a Nikita vingou-se!!!


Que se lixem os sinais de (NO DOG) na praia e aí foi ela delirar para a areia!!
É claro que não pode escavar tanto como antigamente, em que parecia um autêntico abre-valas, mas sempre deu para matar saudades, não foi Nikita??
Cansou-se, e depois dormiu toda a tarde...


 
terça-feira, março 22, 2005
 
A minha Nikita sempre foi reconhecida em qualquer lado que eu a levasse!
Dentro dos limites do concelho, como é óbvio!
Acontecia imensas vezes irmos a passear (mesmo longe de casa) e chegarem uns miúdos, normalmente até acompanhados dos pais, e dizerem: “Olha! É a Nikita!!!” – eu ficava com cara de parva, pois não os conhecia de lado nenhum, nunca os tinha visto, e pior... nem imaginava como é que eles a conheciam... será que ela tinha uma vida dupla??? É que ela também os reconhecia...Por isso é que digo que a minha cadela sempre foi uma “artista” reconhecida internacionalmente, e por isso digna de andar disfarçada!! ;o)

 
segunda-feira, março 21, 2005
 
Estás melhor.
Aparentemente.
O antibiótico acaba hoje e a dose de cortizona também já a diminuí de um comprimido e meio para só um. Vamos ver como reages.
Pelo menos já estás a comer.
Comprámos-te uma ração especial de baixas proteínas, adequada para os cães séniores. Temos de salvaguardar o teu fígado.
Arranjei uma bela de uma artimanha para te dar os comprimidos. Em vez de te abrir a boca à força (o que é difícil) optei por enrolar os comprimidos num bocadinho de fiambre, o qual tu nem cheiras, nem mastigas, nem sequer deves sentir o sabor... é schrlup!!!!!! e já está!!! E lá vai a dose de comprimidos para o sítio certo e sem grandes chatices nem preocupações. Estás é a ficar cá uma gulosa!!! Ma não faz mal... agora posso “estragar-te” à vontade... mimos e guloseimas p.b. porque tb não queremos exagerar por causa do fígado...
O meu Guga também está mais animado pois vê-te melhor. Já começas a ficar mais gordinha e o teu olhar transmite uma certa alegria e alívio...
Ainda bem!

A dona
 
domingo, março 20, 2005
 
As coisas mudam
Não sei se é do tempo a passar velozmente por todos nós
Não sei se será se não o pararmos um pouco para apreciar a vida
Buscar ao canil
Ensinar-te
Brincar contigo
Passear-te na rua
Agora perto do fim reparo, e digo:
“Espera ai.......ainda ontem fui-te buscar ao canil, e afinal passaram 7 anos!!!!!!!!

O dono
 
sábado, março 19, 2005
 
Cão é cão!
Cão é amigo, adjunto, associado, companheiro, confidente, constante, crente, cumpridor, exacto, fiel, fidedigno, firme, honesto, honrado, leal, perseverante, preciso, puro, real, seguro, sério, sincero, verdadeiro, camarada, colega, inseparável, irmão, parceiro, sócio, unido.
Cão é aquele que fica, permanece e espera.
Sempre a sorrir, esperando apenas uma festa, um carinho como recompensa.

O dono
 
sexta-feira, março 18, 2005
 
Ontem foi um dia comprido.
Nasceu o Vasco, filho da Mó e do Tó, e da tua amiga Mini... e é claro que a nossa atenção divergiu momentaneamente do teu problema.
Mesmo assim, e para podermos ir visitar o bebé à Maternidade sem nenhuma sombra de dúvida a pairar sobre nós, fui a casa antes de ir buscar o Guga ao infantário, para ver como estavas.
Não tinhas vomitado. Apenas uns xixis, normais por causa da infecção (anormais quando tudo estava bem). A ração continuava no comedouro mas mesmo assim deu-me a sensação que faltava algum bocadinho.
Vieste ter comigo completamente submissa, quase a rastejar... fiquei aflita e ajoelhei-me logo para te receber nos braços. Depois começaste a dar-me lambidelas e eu a retribuir-te com mimos. Parecias-me melhor. Não sei. Teria sido mimo?
Falei ao veterinário que aguardava a minha chamada e fiz-lhe um resumo. Disse para aguardamos até hoje / amanhã...
Continuo a dar-te a medicação de 12 em 12 horas.
1 comprimido e meio de Medrol (cortizona)
2 cápsulas Bactisubtil
meio comprimido de Tricef
1 Perimpéran
Por favor recupera. Ao menos um bocadinho.
Deixa-nos gozar um pouco mais a tua companhia.
Não deixes que seja assim que o meu Guga te recorde.
Ele também está a sofrer tanto, coitadinho.
Ontem falou com a educadora sobre ti. Ela esteve a explicar-lhe que também havia um “céu” para cães e eu acredito que há.
Hoje ficou meio a chorar quando o deixei na escolinha. Por causa de ti... ou melhor por causa de mim e da minha inconsciência. A educadora perguntou-me como é que tu estavas e eu estive a pô-la a par do assunto, sem dar conta que ele estava por perto, a ouvir. Quando nos despedimos agarrou-se a mim num abraço muito apertado e fazer beicinho (o que é raro)... perguntei-lhe se era por causa de ti... ele acenou que sim e as lagrimitas começaram a correr-lhe pela cara. O meu menino está a sofrer e eu, sofro a dobrar. Por ti e por ele.
Ontem de manhã a primeira coisa que ele perguntou quando acordou foi se tu já tinhas morrido... disse-lhe que não, foi a correr ver-te.
Por favor recupera.
A ver vamos...

A dona
 
quinta-feira, março 17, 2005
 
Ontem chegámos a casa e deparámo-nos com uma cena desoladora: a varanda estava toda vomitada. Quando digo toda, é mesmo toda.
É uma varanda grande com 8 x 2,5 metros. Começaste a ficar por lá durante à noite também quando o Guga nasceu (era Verão) e quando te quisemos voltar a pôr a dormir dentro de casa (no Outono), choravas porque querias voltar para lá. Acabámos por decidir comprar-te uma casota em condições e deixar-te à vontade com aquele espaço. A vista era-te muito cativante... uma escola cheia de miúdos, os quais tu adoras...
Então ontem, quando chegámos a casa, deparámos com aquele espectáculo! Tudo vomitado de verde. Um horror... mas por incrível que pareça tu estavas toda arrebitada e animada. Parecias melhor. De qualquer das formas liguei de imediato para o veterinário para nos aconselhar. Disse para irmos comprar mais um medicamento - o Perimpéran - para evitar que vomitasses. O que fizémos... mas isso não impediu que hoje de manhã a varanda tivesse mais uma "surpresa".
Mas o que eu queria falar aqui é do teu amigão, o Guga.
Mãe galinha que sou, e sabendo o quanto ele te adora, também já andava preocupada com a falta que ele iria sentir de ti e com a forma de lhe dar a notícia, quando chegasse a altura...
Pois ontem, quando chegámos a casa e ele viu aquela cena, virou-se para mim muito aflito:
"Mãe, ó mãe... a minha Nikita está muito doente!! A minha Nikita vai morrer!!!"
Fiquei pregada no lugar onde estava, com a distinta sensação de que o chão estava a fugir-me debaixo dos pés. Nós ainda não lhe tínhamos dito nada e até evitámos todo e qualquer comentário à frente dele.
Mas ele sabia.
Com a calma necessária, sentei-o ao meu colo e expliquei-lhe o melhor que consegui.
- "Sim. A Nikita está muito doente, filho. E provavelmente vai morrer. Mas sabes, é melhor para ela..."
- "Não é não!!! Eu vou tê muitas xôdades dela!! Eu não queio que ela morra!!"
- "Mas ó filho... ela tem um dói-dói muito grande..."
- "Onde, mãe?"
- "Dentro dela..."
- "Leva paia o dotôi, como quando foi eu! Ele dá uma pica e ela fica boa!"
- "Pois, filho... a mãe já levou... mas não é a mesma coisa... estamos a dar-lhe medicamentos, mas ela não deve durar muito mais tempo."
E calei-me, limitando-me a abraçá-lo enquanto ele soluçava e as nossas lágrimas se misturavam.
- "Eu vô chorar muito quando a Nikita morrer, mãe. E vô tê muitas xôdades dela."

E eu também, Nikita.

Hoje vai ser o dia D - de decisão... mal posso esperar para chegar a casa e ver como estás...
Amanhã dou notícias.

A dona
 
quarta-feira, março 16, 2005
 
Cão é família!
Também é complicado lidar com a reacção de certas pessoas.
Não entendem o nosso sofrimento.
Não aceitam as lágrimas, nem compreendem a dor.
“Por amor de Deus, é um cão!!! Se fosse uma pessoa...”
Eu não consigo aceitar isso.
Dá-me vontade de lhes chamar nomes. Insensíveis. Estúpidos.
“Com tanta criança por aí a sofrer, ainda se criam instituições para acolher cães!! Este mundo vai de mal a pior!!!”
Abomino estas pessoas.
Não gosto de exageros. Nem 8 nem 80.
É claro que as crianças deverão vir em primeiro lugar. Sempre.
Mas os bichos também têm direito a serem cuidados, a serem protegidos.
São tantos os atropelos à sua integridade, ao seu direito à vida. A uma vida digna. E tantas vezes que não há quem os defenda...
Essas pessoas, até parecem não saber o que é amar.
Amar indiscriminadamente. Uma pessoa ou um animal.
Estes animais "de estimação" (eu prefiro dizer "de coração"), como a minha Nikita, são parte da família.
Podem ser (e devem ser) “apenas” o cão lá de casa. Mas são família.
A minha por exemplo pousava sempre nas fotos de família que mandávamos para os nossos amigos e familiares no Natal. E rara era a pessoa que ao falar connosco após um período de falta de contacto, não perguntava também por ela.
Querida Nikita... vou ter tantas saudades tuas...

«Olhe no fundo dos olhos de um animal e, por um momento, troque de lugar com ele. A vida dele se tornará tão preciosa como a sua e você se tornará tão vulnerável como ele. Agora sorria, se acredita que todos os animais merecem o nosso respeito e a nossa protecção, pois a certa altura eles são nós e nós somos eles.» - Philip Ochoa

A dona
 
 
A conversa com o vet

Ontem fomos falar com o teu veterinário.
O Dr. Pedro Fachada é teu veterinário desde pequenina. Eu costumava a dizer que era também o teu "psicãologo", pois ajudou-nos muito com as tuas manias e ronhas.
Lembro-me que no inicio, para chamares a nossa atenção, assim que te virávamos as costas, nem que fosse para irmos à cozinha, fazias logo um xixi enooooooorme no chão da sala. Falámos com o Dr. Fachada sobre isso. Explicou-nos que a atenção que tu pedias nós acabávamos por ta dar. Podia ser negativa, na forma de um ralhete ou de uma palmada, mas era atenção. Solução: ignorar-te e ignorar o que tinhas feito. Se necessário passar ao lado do xixi como se não reparássemos nele... custou... mas foi! Em breve deixaste-te dessas manias, e começaste a portar-te como uma cadela linda!
Ontem não foste connosco.
Fomos só nós os dois, eu e o teu dono.
A conversa não foi nada boa. Já sabiamos ao que íamos, mas custou à mesma. E ao Dr. também. Ele também tem um grande carinho por ti. Acho que notei as lágrimas a bailar nos olhos dele... mas as minhas também não me deixavam ver como deve de ser.
O cancro que te consome está alojado no fígado.
Não é operável.
Não é curável.
Mais tarde ou mais cedo tens de ir embora. Isso nós já sabemos. Resta saber é quando.
Agora estás a tomar uns comprimidos à base de cortizona, mais um antibiótico e um anti-diarreico. Duas vezes ao dia. A ver se recomeças a comer, e recuperas um bocadinho as forças.
Amanhã é o dia D. O primeiro. Até lá tens de ganhar forças e recuperar. Caso contrário... não vamos prolongar mais a tua dor.
O doutor disse que devíamos tentar dar mais esta oportunidade.
Se resultasse podias ter mais algum tempo de vida. Meses, nunca anos.
A ver vamos.

A dona
 
terça-feira, março 15, 2005
 
Hoje soubemos que tinhas pouco tempo de vida.
Talvez 2 ou 3 meses. Talvez 6 meses. Mas nunca 1 ano.
Foste o nosso primeiro cão de família. E não sei se não serás o último. Talvez não... mas agora nem quero pensar nisso.
Dói muito, custa muito.
Custa olhar-te nos olhos e ver-te suplicar-nos uma festa, um mimo.
Os teus olhos dizem tanto. Sempre disseram. Agora ainda dizem mais.
Desculpa-me a falta de atenção que te dediquei nestes últimos 3 anos.
O nascimento do nosso filho, o seu acompanhamento, a sua vida, levou-me a quase te virar as costas. Estavas lá. Sempre presente do outro lado do vidro. Mas bem longe da realidade do meu dia-a-dia. Para mim eras quase encarada como um peso, um fardo. Para o teu dono, não. Ele conseguiu manter-se no seu papel de “bom dono”. Passeava-te todos os dias à noite e brincava contigo, pelo menos um bocadinho. Ao fim de semana é que não... esses deixaram de ser também teus e passaram a ser só nossos. E agora choro e sinto-me tão arrependida. Devia ter agido de outra forma. Devia ter sido mais rigorosa comigo mesma, e não cingir-me ao meu papel de mãe do Guga. Devia ter-me mantido fiel aos meus princípios e ter continuado a ser uma boa dona. Mas agora não há nada a fazer. A não tentar proporcionar-te uns últimos tempos felizes. Vou mimar-te, passear-te, levar-te á praia que tanto gostas... quero lá saber da lei! Também por causa dessa outra lei estúpida, deixámos de te levar a certos sítios com muita gente. Começámos a fechar-te mais em casa. Não que fosses perigosa, longe disso! Mas a fobia e a falta de informação que certas pessoas demonstram ter, a isso nos “obrigava”. Eu bem via o quão triste ficavas quando alguém recuava quando tu te aproximavas apenas para pedir umas festas e dar umas lambidelas.
Mas o mundo dos homens é assim mesmo.
Cheio de injustiças, principalmente para vocês, os nossos amigos de quatro patas.Vou perder uma grande amiga, e o meu Guga também vai ficar sem a sua “uinda”...

A dona
 

Nikita
Diário de uma morte anunciada

8 Agosto 1998 - 15 Junho 2005

os teus donos...
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acabadinha de chegar

mais confiante

o primeiro amigo

a roer o osso

a dormir

1º passeio

a foto da praxe

na brincadeira

na piscina de uns amigos

e... splash!

os olhos que dizem tudo

mais brincadeira

a espreitar na varanda

para sempre connosco