senhora ronhonhocas
terça-feira, março 15, 2005
 
Hoje soubemos que tinhas pouco tempo de vida.
Talvez 2 ou 3 meses. Talvez 6 meses. Mas nunca 1 ano.
Foste o nosso primeiro cão de família. E não sei se não serás o último. Talvez não... mas agora nem quero pensar nisso.
Dói muito, custa muito.
Custa olhar-te nos olhos e ver-te suplicar-nos uma festa, um mimo.
Os teus olhos dizem tanto. Sempre disseram. Agora ainda dizem mais.
Desculpa-me a falta de atenção que te dediquei nestes últimos 3 anos.
O nascimento do nosso filho, o seu acompanhamento, a sua vida, levou-me a quase te virar as costas. Estavas lá. Sempre presente do outro lado do vidro. Mas bem longe da realidade do meu dia-a-dia. Para mim eras quase encarada como um peso, um fardo. Para o teu dono, não. Ele conseguiu manter-se no seu papel de “bom dono”. Passeava-te todos os dias à noite e brincava contigo, pelo menos um bocadinho. Ao fim de semana é que não... esses deixaram de ser também teus e passaram a ser só nossos. E agora choro e sinto-me tão arrependida. Devia ter agido de outra forma. Devia ter sido mais rigorosa comigo mesma, e não cingir-me ao meu papel de mãe do Guga. Devia ter-me mantido fiel aos meus princípios e ter continuado a ser uma boa dona. Mas agora não há nada a fazer. A não tentar proporcionar-te uns últimos tempos felizes. Vou mimar-te, passear-te, levar-te á praia que tanto gostas... quero lá saber da lei! Também por causa dessa outra lei estúpida, deixámos de te levar a certos sítios com muita gente. Começámos a fechar-te mais em casa. Não que fosses perigosa, longe disso! Mas a fobia e a falta de informação que certas pessoas demonstram ter, a isso nos “obrigava”. Eu bem via o quão triste ficavas quando alguém recuava quando tu te aproximavas apenas para pedir umas festas e dar umas lambidelas.
Mas o mundo dos homens é assim mesmo.
Cheio de injustiças, principalmente para vocês, os nossos amigos de quatro patas.Vou perder uma grande amiga, e o meu Guga também vai ficar sem a sua “uinda”...

A dona
 
Comments:
Não me lembro de existir sem a presença de um cão... pelo menos. Desde a casa onde nasci e cresci até à casa onde criei e vi crescer os meus filhos. Vários foram os que partiram e poucos os que não me obrigaram a tomar a difícil e dolorosa decisão, a última, a que com o coração destroçado tomamos porque já nada mais podemos fazer.
Fica sempre a saudade, a recordação, a companhia que já não temos...
Mas, o amanhã poderá trazer outro cão - e há tantos abandonados que precisam de dono e tecto - que nos vai dar novas alegrias.

Um abraço.

www.apca.org.pt
 
Bom blog.Bonita cadela. Tambem tive uma que me deixou. Ainda hoje me custa pensar nisso.

Saudações de um internauta anónimo.
 
Enviar um comentário

<< Home

Nikita
Diário de uma morte anunciada

8 Agosto 1998 - 15 Junho 2005

os teus donos...
arquivos...
março 2005 / abril 2005 / maio 2005 / junho 2005 /

fotos...

acabadinha de chegar

mais confiante

o primeiro amigo

a roer o osso

a dormir

1º passeio

a foto da praxe

na brincadeira

na piscina de uns amigos

e... splash!

os olhos que dizem tudo

mais brincadeira

a espreitar na varanda

para sempre connosco