Hoje soubemos que tinhas pouco tempo de vida.
Talvez 2 ou 3 meses. Talvez 6 meses. Mas nunca 1 ano.
Foste o nosso primeiro cão de família. E não sei se não serás o último. Talvez não... mas agora nem quero pensar nisso.
Dói muito, custa muito.
Custa olhar-te nos olhos e ver-te suplicar-nos uma festa, um mimo.
Os teus olhos dizem tanto. Sempre disseram. Agora ainda dizem mais.
Desculpa-me a falta de atenção que te dediquei nestes últimos 3 anos.
O nascimento do nosso filho, o seu acompanhamento, a sua vida, levou-me a quase te virar as costas. Estavas lá. Sempre presente do outro lado do vidro. Mas bem longe da realidade do meu dia-a-dia. Para mim eras quase encarada como um peso, um fardo. Para o teu dono, não. Ele conseguiu manter-se no seu papel de “bom dono”. Passeava-te todos os dias à noite e brincava contigo, pelo menos um bocadinho. Ao fim de semana é que não... esses deixaram de ser também teus e passaram a ser só nossos. E agora choro e sinto-me tão arrependida. Devia ter agido de outra forma. Devia ter sido mais rigorosa comigo mesma, e não cingir-me ao meu papel de mãe do Guga. Devia ter-me mantido fiel aos meus princípios e ter continuado a ser uma boa dona. Mas agora não há nada a fazer. A não tentar proporcionar-te uns últimos tempos felizes. Vou mimar-te, passear-te, levar-te á praia que tanto gostas... quero lá saber da lei! Também por causa dessa outra lei estúpida, deixámos de te levar a certos sítios com muita gente. Começámos a fechar-te mais em casa. Não que fosses perigosa, longe disso! Mas a fobia e a falta de informação que certas pessoas demonstram ter, a isso nos “obrigava”. Eu bem via o quão triste ficavas quando alguém recuava quando tu te aproximavas apenas para pedir umas festas e dar umas lambidelas.
Mas o mundo dos homens é assim mesmo.
Cheio de injustiças, principalmente para vocês, os nossos amigos de quatro patas.Vou perder uma grande amiga, e o meu Guga também vai ficar sem a sua “uinda”...
A dona