Ontem chegámos a casa e deparámo-nos com uma cena desoladora: a varanda estava toda vomitada. Quando digo toda, é mesmo
toda.
É uma varanda grande com 8 x 2,5 metros. Começaste a ficar por lá durante à noite também quando o Guga nasceu (era Verão) e quando te quisemos voltar a pôr a dormir dentro de casa (no Outono), choravas porque querias voltar para lá. Acabámos por decidir comprar-te uma casota em condições e deixar-te à vontade com aquele espaço. A vista era-te muito cativante... uma escola cheia de miúdos, os quais tu adoras...
Então ontem, quando chegámos a casa, deparámos com aquele espectáculo! Tudo vomitado de verde. Um horror... mas por incrível que pareça tu estavas toda arrebitada e animada. Parecias melhor. De qualquer das formas liguei de imediato para o veterinário para nos aconselhar. Disse para irmos comprar mais um medicamento - o Perimpéran - para evitar que vomitasses. O que fizémos... mas isso não impediu que hoje de manhã a varanda tivesse mais uma "surpresa".
Mas o que eu queria falar aqui é do teu amigão, o Guga.
Mãe galinha que sou, e sabendo o quanto ele te adora, também já andava preocupada com a falta que ele iria sentir de ti e com a forma de lhe dar a notícia, quando chegasse a altura...
Pois ontem, quando chegámos a casa e ele viu aquela cena, virou-se para mim muito aflito:
"Mãe, ó mãe... a minha Nikita está muito doente!! A minha Nikita vai morrer!!!"Fiquei pregada no lugar onde estava, com a distinta sensação de que o chão estava a fugir-me debaixo dos pés. Nós ainda não lhe tínhamos dito nada e até evitámos todo e qualquer comentário à frente dele.
Mas ele sabia.
Com a calma necessária, sentei-o ao meu colo e expliquei-lhe o melhor que consegui.
- "Sim. A Nikita está muito doente, filho. E provavelmente vai morrer. Mas sabes, é melhor para ela..."- "Não é não!!! Eu vou tê muitas xôdades dela!! Eu não queio que ela morra!!"- "Mas ó filho... ela tem um dói-dói muito grande..."- "Onde, mãe?"- "Dentro dela..."- "Leva paia o dotôi, como quando foi eu! Ele dá uma pica e ela fica boa!"- "Pois, filho... a mãe já levou... mas não é a mesma coisa... estamos a dar-lhe medicamentos, mas ela não deve durar muito mais tempo."E calei-me, limitando-me a abraçá-lo enquanto ele soluçava e as nossas lágrimas se misturavam.
- "Eu vô chorar muito quando a Nikita morrer, mãe. E vô tê muitas xôdades dela."E eu também, Nikita.
Hoje vai ser o dia D - de decisão... mal posso esperar para chegar a casa e ver como estás...
Amanhã dou notícias.
A dona